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sábado, 21 de setembro de 2013

A caixa de presentes


A vida adulta tem inúmeros prazeres, mas há uma, uma não, muitas coisas que na vida adulta não tem a menor graça. Uma delas é comemorar aniversários.  Aniversário de adulto não tem cachorro quente, não tem negrinho, branquinho e bala de côco enrolada em papel celofane. Menos ainda balão surpresa. O que poderia ser mais legal e mais esperado do que a hora de estourar o balão? Mesmo que lá dentro viessem balas, pirulitos, chicletes e outras delicias que deviam ser consumidas de forma moderada posteriormente sempre acompanhadas do aviso: vais ficar com os dentes cheios de cárie. A emoção nem estava no conteúdo, mas sim na adrenalina em conseguir um bom lugar para arrecadar o maior número de brindes possível. Ah, e a alegria pré adolescente em cantar "com quem será?" e descobrir qual o nome que deixaria o aniversariante com as bochechas vermelhas. E como nada é tão bom que não possa melhorar ainda havia a hora dos presentes. O prazer em abrir dezenas de pacotes coloridos e estender tudo em cima da cama, ou, voltar a loja no dia seguinte para alguma eventual troca.

Aniversário de adulto não tem a mesma graça. A começar pelo cardápio. Não tem cachorro quente, nem coxinha e raramente há negrinho. As festas são em locais impessoais, bares, restaurantes e baladas, ondem existem outros milhares de passantes que nada tem a ver com a festa. Balão surpresa que é bom, só nas memórias da infância. Na vida de adulto raramente há tempo para encontrar os amigos, logo, ter a presença deles na data natalícia é uma glória. 

Adulto também não ganha presente. Se tornou uma raridade levar presentes a amigos adultos, especialmente quando eles comemoram seus aniversários na balada. Imagina chegar naquele local cheio de gente com um embrulho embaixo do braço? Nâo combina. E os poucos que se aventuram em levar presentes, ainda encontram outro desafio pela frente: o de não conhecer o gosto do aniversariante. Nessas horas vem as gafes. Um homem de trinta e poucos anos, solteiro, amante dos esportes, de viagens, fotografia e cinema, combina com livros de assuntos de seu interesse ou um dvd de um filme clássico, muito mais do que com uma gravata ou um saca rolhas. Uma jovem mãe de trinta e poucos anos, dona de sua casa, que trabalha fora e ainda tem tempo de ter encontros românticos combina muito mais com um conjunto de lingerie do que com um  conjunto para xícaras de café. Presentear um adulto é delicado. Na dúvida, faça algo você mesmo, o mimo terá valor sentimental pelo carinho do seu trabalho. Ou se suas habilidades para trabalhos manuais não são lá essas coisas, um cheque presente de uma livraria pode ser uma ótima pedida. Se o presenteado não gosta de ler, certamente ele gosta de ouvir música e o vale terá um bom destino.

Comemorar é preciso. Levar presente não é obrigação e nem o que se espera na data. Mas também não precisamos acabar com a festa de uma jovem alto astral presenteando-a com um jogo de panos de copa. Não confundamos aniversários com chá de panela. No fim da festa, os aniversariantes agradecerão o bom senso. 

sábado, 7 de setembro de 2013

Desapego



Tudo o que acelera um dia, serena. O dia que este serenar chegar iremos nos encontrar com o desapego, não só do passado, mas com os sentimentos que ficaram bagunçados. A felicidade sincera da compreensão se encarregará de nos fazer companhia neste momento. E restará em nós a certeza de que foi bom e, passou.