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domingo, 14 de agosto de 2011

INCONDICIONAL








Eu sempre quis entender por que o amor que eu sinto por ti é tão diferente dos meus outros amores.
Desconfio que seja pelo fato de tu ter sido um dos primeiros a apoiar minha vinda enquanto minha mãe sozinha encarava o desafio da minha chegada. Eu não lembro quando foi a primeira vez que eu te vi, mas acho que desde sempre meu coração sentiu a tua presença. Tu certamente deve ter me alimentado, me confortado no calor dos teus braços, me feito dormir, me viu chorando e ajudou a me educar. Uma das cenas mais gostosas da minha infância é quando eu saia da minha caminha, atravessava a casa arrastando meu cobertor para deitar na cama no meio de vocês e depois te fazer massagem antes de tu levantar. Tu colocava o disco do carequinha e cantava comigo, aliás tu sempre me fez rir. Tu colocava um jasmim dentro do auto para ele ficar perfumado. Tu foi o entusiasta de uma das decisões mais inteligentes que eu tomei na minha vida: ser colorada! Tu me viu com todas as caras e cabelos que eu já tive. Me viu chorando para ir ao dentista. Me viu desdentada e continuou me achando linda! Tu me levou na escola, me buscou milhares de vezes. Tu viajava e aquelas semanas em que estavas ausente pareciam anos. Tu me ensinou que saudade não mata, mas bem que judia. Teve uma páscoa que tu não esteve presente, mas na semana seguinte ouvi a campainha tocar e quando abri a porta tinha um cartaz de coelho enorme adivinha quem estava escondido atrás dele? Sim, tu! Com um coelhinho cor de rosa de presente e uma deliciosa barra de chocolates! Inesquecível!

Tu me socorria dos tombos, das aranhas, das hemorragias nasais, das palmadas da vó e dos “tabefes” da mãe. A única vez que tu brigou comigo foi quando eu cuspi as sementes da maçã no teu prato. Tu sempre fez com que eu me sentisse protegida!
Tu me deu a mão para atravessarmos a rua e eu te vi dando um “duplo twist carpado” por cima daquele Fiat 147 que vinha de ré. E me vi irada com aquele irresponsável que havia te atropelado. Como fiel companheira me vi inúmeras tardes na oficina do Fiat.
Tu sempre me surpreendeu. Tuas trilhas sonoras e teu sotaque porteño me levaram a paixão pela língua espanhola e pela latinidade. Compartilhamos o apreço por uma boa sobremesa e um bom prato de feijão com farofa! Foi de ti que herdei o bom senso de direção e o prazer em viajar!


Tu já reparou como tu conquista as pessoas a tua volta? Tu tem uma energia tão boa e um carisma tão grande que cativas todo mundo. Tem gente que já gosta de ti mesmo sem te conhecer. Teu senso de humor e tua alegria me contagiam.
Os anos se passaram e não sou mais a guriazinha que atravessa a casa arrastando o cobertor pelo corredor. Mas eu sigo aqui, ao teu lado como sempre estive. Já não contesto mais tuas ideias e travessuras. Já não moramos mais na mesma casa. Já não moramos mais na mesma cidade. Já nos despedimos de pessoas importantes mas ainda temos muitas outras por aqui. Hoje somos mais do que nunca Batman e Robin, eternos companheiros de histórias e vivências.

Tu és a minha prioridade. Tu és o mentor da minha gula. Tu és a minha escola de esperança, fé, de presença de espírito, de generosidade e de humor. Tu é o melhor presente que deos me deu. Tenho muito orgulho de ser tua descendente. És parte importante da minha vida, e minha vida não teria o mesmo sentido sem a tua existência. Ao teu lado me sinto um ser humano mais nobre, ser neta é um dos papeis que desempenho com mais dedicação.
Eu te amo é pouco, o que eu sinto por ti e o que tu representa para mim ainda não tem nome!

Onde quer que estejamos sempre estaremos juntos, lembra sempre disso vovô!



Escrito entre sorrisos e lágrimas de gratidão em homenagem ao amor incondicional materializado em forma de avô!




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