Na adolescência meus
cabelos deixaram de ser lisos e passaram a ser extremamente cacheados. Aos 18
anos fui cortar as pontas (sempre as pontas) com o cabeleireiro da minha mãe e voltei com o cabelo na
altura do ombro todo escovado, lembrando, ele é crespo. Parei em frente ao
espelho e chorei, com sinceridade e apego a antiga configuração dos fios.
Pensei: “se escovado ele está no ombro, quando eu lavar ele vai encolher e eu
vou ficar com o cabelo do Ronaldinho Gaúcho!!!!” Buááá! Peguei pavor do cabeleireiro. Só deixava
ele fazer minha sobrancelha, que isso ele fazia muito bem.
Depois deste episódio
fiquei cerca de 5 anos cortando novamente os meus cabelos. Eu que fazia a
franja, repicava as pontas e tudo mais que me desse vontade. Por minha conta e
risco. Sem ficar com pavor de alguém por conta de um excesso de tesouradas.
Dos 19 aos 24 anos tive
loooongos cabelos cacheados. Tinha dias que eu acordava a cara da Elba Ramalho,
outros estava meio Maria Betânia. Eu nem
sonhava em mudar o comprimento, pensava que cabelo crespo se cortar curto
encolhe e vira um abajur. Eu vivia bem debaixo dos caracóis, mesmo. Em 2009 nasceu um desejo de
mudar, de arriscar. Passei a ver a mulheres de cabelos longos como pessoas com
apego. O que já não tinha mais a ver comigo que a cada dia mais queria era me
desapegar.
Cerca de um ano atrás eu
cortei. Cortei uns dedos. Passaram-se algumas semanas, voltei a um salão e
cortei meees-mo, abaixo do ombro. Tirei cerca de 20 centímetros . Me sentia
mais leve, mais magra, mais tudo. Olhava
as fotos com meu cabelo antigo e pensava: “Como pude usar aquele corte por
tanto tempo?”
Enfim, sensação maravilhosa
de renovação!
Um ano depois meu cabelo
estava enorme novamente. Já me sentia aflita de ter todo aquele cabelo na
cabeça, no pescoço, nas costas e onde mais ele se alastrasse.
Marquei horário no salão.
Fui, feliz e confiante. Sentei na cadeira, mostrei para a cabeleireira onde eu
queria que fosse o corte, na altura no
bolso da camisa, uns cinco dedos abaixo do ombro, detalhe, cacheado. Ok. Missão
entendida. Ela pediu para eu tirar o óculos (eu sou mega míope, não enxergo sem
eles) e pegou a tesoura. Conversa vai, conversa vem. Até que, tcharam. Está
pronto. Coloquei o óculos e quase chorei.
Ele estava na exata altura do ombro. Ou seja, chanel. E lembrando que
cabelo cacheado quando lava ele encolhe. A insatisfação com o resultado ficou
nitidamente estampada no meu rosto. Ela lavou, escovou, fez o franjão que eu
havia pedido. Sei que o trabalho do cabeleireiro é delicado. Mexer com a imagem é mexer também com a auto
estima dos clientes. Isso pode ser muito positivo, ou plenamente destrutivo,
dependendo da estrutura emocional da vitima.
Na hora de sair do salão
meu cabelo estava lindo. Mas sempre devemos lembrar, que o cabelo do salão é
diferente do cabelo da vida real.
No dia seguinte choveu. A
chuva já comprometeu o resultado da escova. E o cabelo já estava mais perto da vida real.
No terceiro dia, me olhei no espelho ao acordar e por alguns instantes tive
pensamentos de baixo nível. Diferente dos que costumo ter. O cabelo ainda não
havia sido lavado e já estava terrível. Xinguei muito a cabeleireira,
Se um cabeleireiro fizer um
trabalho diferente do que foi solicitado, nunca mais retorne ao estabelecimento
dele. Não pelos centímetros a menos no corte, afinal, cabelo cresce. Mas sim,
pelo maus pensamentos que criamos ao ver o resultado frustrado, desenvolvido por
aquele ser desatento. Os maus pensamentos nos deixam com más energias e podem influenciar a más atitudes, e isso é mais difícil de concertar!
Melhor assim!
Melhor assim!
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