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quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Adolescer!


As coisas vitais para a felicidade nem sempre estão no topo das grandes conquistas. Os pequenos prazeres escondidos nas entrelinhas as vezes não devem ser esquecidos. A adolescência é a fase de uma coisa que considero vital para a felicidade chamada friozinho na barriga. Cada dia nos proporcionamos a uma novidade. Porém esta fase dura em torno de 6 anos e depois que ela passa vamos deixando de lado as molecagens, ganhamos juízo e a disposição tende a diminuir. 
A fase adulta era para ser mais divertida que a adolescência, afinal temos a tão esperada autonomia e independência que não tínhamos antes. Porém sobram pudores e falta espaço para duas coisas que os adolescentes tem de sobra: a coragem e o atrevimento.

Quando imergimos na vida adulta aquelas sensações de ineditismo da adolescência vão se tornando cada vez mais raras. No lugar delas vem a rotina, a busca pela estabilidade e outras caretices a que nos dedicamos. Faz falta se apaixonar, até porque na vida adulta os corações já trazem tantas cicatrizes que há mil barreiras antes de uma entrega. Faz falta andar de montanha russa, faz falta se matricular em uma aula de qualquer coisa que saia da vida comum. Faz falta alguém para idolatrar e ter bandas prediletas. Acima de tudo, faz falta a ousadia que vamos sem perceber deixando para traz quando assumimos as tais responsabilidades. Responsabilidade todos devemos assumir, mas isso não significa que tenhamos que deixar para trás as ferramentas que nos levam de encontro as emoções. 


A vida adulta não precisa ser só de planos convencionais como: graduação, mestrado, doutorado, financiamentos, hipoteca, gestação, ipva e tudo mais. A vida adulta pode, e principalmente, deve ter uma parcela de adolescência. Não no sentido de rebeldia, mas sim, de menos armazenamento de traumas e de mais coragem. 


Viver um amor a longa distância. Parar de sonhar e estabelecer metas para realizar. Planejar uma viagem bacana nas férias. Tirar um dia de folga por conta própria para dormir até a hora que der vontade. Deixar o orçamento de lado e se dar um presente merecido. Parar de dizer "vamos marcar de se ver" e de fato marcar um programa com uma pessoa querida. Pegar a estrada sem rumo e conhecer lugares inusitados. Escrever uma carta para um amigo de infância. Terminar uma relação que tem sido empurrada com a barriga ou simplesmente entrar de cabeça em uma. Levar você mesmo a uma festa e descobrir o quão divertida pode ser a sua própria companhia. Ousar um novo visual. Saltar de parapente. Ufa, são infinitas as oportunidades de se sentir inédito. Ou simplesmente de se sentir você mesmo, em um novo ângulo e em um novo cenário.


Atingir a idade adulta é inevitável. O que é evitável é tornar-se um adulto careta, escondido atrás de responsabilidades impostas pela sociedade da qual fazemos parte. É evitável também abrir mão das coisas que proporcionam frio na barriga e viver só para a rotina. Entre o inevitável e o evitável é que nascem as histórias que irão colorir a biografia. Entre as obrigações e os opcionais é que está o prazer de se sentir inédito e a certeza de que a vida é, acima de tudo a arte de experimentar-se.


2 comentários:

  1. Nossa, acho que muitos paus de barra serão chutados por adultos inspirados por esse ótimo texto! Você conseguiu botar pra fora o que muitos de nós, adolescentes de trinta e poucos anos queríamos dizer...

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  2. Nossa, os paus de barraca que se cuidem, pois muitos adultos serão inspirados por esse texto!Acho que você conseguiu capturar bem o que muitos de nós, adolescentes de trinta e poucos anos queríamos dizer...

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