E então no final da caminhada, parei na beira da lagoa para observar o um grupo, provavelmente de turistas que por ali se divertia. Estavam praticando stand up paddle, aquele esporte bacaninha, que está super na moda e mistura prancha e remo. Super tenho vontade de praticar, moro em um bairro onde se pratica e, vergonhosamente ainda não sanei este desejo. Pois bem, na ponta de um trapiche, dois integrantes do grupo faziam os registros dos amigos que estavam na água, remando, ou melhor, pousando. O foco naquele momento claramente não era a vivencia do esporte, nem sentir a brisa no rosto, nem focar no equilíbrio, mas sim, sair bem na foto que iria para as redes sociais, para gerar comentários e muito frisson.
E pelo caminho de volta, observei um festival de carros estacionados com bebidas saindo pelo porta malas e sons dos mais diversos gêneros proporcionando uma poluição sonora aos passantes. Socorro!
E os passantes, vestindo a regata que ganharam no amigo secreto combinando com a bermuda do natal, com frases de galã de rodoviária na ponta da língua e olhares de generosas más intenções. As pessoas saem de férias e deixam o bom senso em casa.
E os flashs? Flashs para todos os lados, apontando para a beleza da lagoa, para a imensidão das dunas, para os barcos, para a moça de cabelos tingidos, que voavam com a brisa, enquanto ela, pousava para uma foto que seu paciente acompanhante tirava, na calçada, entre carros e pedestres, roubando para si um pouco da beleza da paisagem ao fundo.
Pelas ruas, bares e lojas lotadas. Todo mundo aproveitando, ou buscando uma oportunidade de se aproveitar do turismo que desembarca voraz por aqui.
Meio alheia a cena da qual eu também fazia parte, olhei para mim e me perguntei, eu sou assim? Também levo o deslumbre para passear? Também faço poses forjadas? Também faço uma atividade para ter o que contar nas minhas time lines, ou conto o que de fato e sem pretensão acontece?
Quando saímos em viagem, as vezes ficamos tão eufóricos com a liberdade, com a distância da rotina e com o tanto de boas novas, que até parece que esquecemos de quem somos e de onde viemos. Verão é a estação dos amores que não sobem a serra. Até porque no meio da chuva de gente nova, há quem esqueça que deixou alguém esperando na volta e se joga na noite como se não houvesse amanhã. Cuidado para onde você direciona seu sorriso, os radares estão em constante estado de alerta.
Já que não dá para deixar de ser turista, então que seja mudada a postura. Exponha menos o deslumbre, deixe o celular em casa, para não ficar o tempo inteiro postando e compartilhando ao invés de simplesmente desfrutar. Deixe o carro e saia mais apé, observe as fachadas, as calçadas e faça parte da paisagem, ao invés de ficar só contemplando-a pelas fotos. Converse com nativos. Ouça os sotaques, descubra coisas que só tem aqui. Encare uma trilha e leve a família. Passe protetor e se não se poupar no álcool, que poupe os outros das consequências que você pode causar com ele. E acima de tudo lembre-se a ilha pode até ser da magia, mas a vida por aqui é real.
Sejam bem vindos a Florianópolis!
PS: Em breve um mini guia com passeios e roteiros Longe Do Obvio para quem vier passar o carnaval na ilha!
Está descrito um dia visto pelo seu critico e correto olhar...
ResponderExcluirOs conselhos são bons e deviam ser seguidos, mais infelizmente para a grande maioria daria muito trabalho segui-los.
Assim sendo preferem apenas agir por estímulos momentâneos...
Os tempos atuais voam e as pessoas ao tentarem acompanhar esquecem-se das coisas básicas que regem inclusive a boa educação. Mais fazer o que... se criticar vão dizer... "a vida é minha faço dela o que eu bem entender".
Uma visão ego centrista e, sobretudo egoísta de pensar apenas em si e esquecer que o seu EU está inserido num contesto habitado pelos demais pronomes pessoais (EU, TU, ELE(A), NÓS, ELES).