Conexão desconexa

Hoje acordei me sentindo mais solteira do que nunca. No próximo dia 12 completo 5 anos oficialmente solteira (sim, terminei um relacionamento no dia 12/06/05) e mais um ano nada mudou, sabe o que é o melhor de tudo isso?! Que eu não estou nem um pouco preocupada! Meu estado civil hoje poderia se chamar "conexão desconexa". Me sinto inteiramente conectada a uma pessoa que está geograficamente longe de mim. Tenho minha vida, minhas ocupações, meus projetos, meu circulo de amizades e um amor (vários na verdade, cada um com seu papel). Que coisa boa isso! Ah e como aqui o frio já bateu a nossa porta já me equipei, para as noites frias descolei um tapete novo para aconchegar meu quarto, além dos meus 6 travesseiros e de bons cobertores!

Conexão desconexa é quando estamos inteiramente ligados a alguém mas continuamos tocando nossas vidas, sem abrir mão de absolutamente nada e conciliando a presença do outro. É como se fosse um casamento onde o casal mora em casas separadas, compartilham as coisas boas sem compartilhar o ônus da convivência. Sim, porque o que acaba com a convivência é a própria, convivência, em excesso. Conexão desconexa é quando um diz "eu quero fazer uma viagem de balão" e o outro responde, "leva bateria para a câmera, quero ver as imagens que vais fazer lá de cima"! Conexão desconexa é quando um diz que vai sair com os amigos e o outro lembra que direção não combina com álcool e completa: te diverte! A conexão desconexa não proporciona medo, nem insegurança, pois que a vive tem plena consciência de que está conectado por livre e espontânea vontade e prazer de estar conectado. E não porque fez um contrato vitalício de fidelidade e satisfação dos caprichos do outro. É quando se sente saudade, principalmente de matar a saudade. É quando se vive longe para ter o prazer de encontrar para compartilhar as coisas boas e ocupar o tempo matando a saudade, sem permitir que a rotina bata a porta.

Já a conexão excessivamente conectada é quando um deixa de lado os seus interesses e passa a viver de acordo com os interesses do outro. É quando não se sai mais de casa se não for para encontrar com o outro, é quando os projetos pessoais são adiados, é quando não há mais privacidade, é quando deixamos de perguntar "como você está" para dizer "onde você está". É quando não se diz "que bom falar contigo" mas sim "por que demorou para me atender?" É quando a intimidade perde seu fascínio e acaba virando rotina.

Eu sou uma dessas que se conectou pelo prazer de estar conectada, sem esperar nada em troca. E quanto o outro lado desta conexão confesso que vou passar um ciclo inteirinho da minha vida mais perto e vai ser nesta vida ainda.


Ps: O título deste texto pertence a mente brilhante do meu amigo "Rangel". Gracias por la inspiracion!