Aqui tem mais!

domingo, 31 de julho de 2011

Muito além de eu te amo

E no ápice da cena de amor o belo casal, pára, os olhos brilham, as pupilas dilatam, seus corações aceleram e sob a luz do luar vem a frase tão esperada, a frase mais linda do mundo, a frase de maior importância, maior significado e valor: Eu te amo! O casal se beija, todos aplaudem e eles vivem felizes para sempre. Plofth! Os créditos aparecem na tela, acenderam as luzes e acabou o filme!

Cena de amor em que o eu te amo é o ápice só é bonita em filme. O amor da vida real vai muito além das frases clichês! Na vida real só amar não basta. Tem que ter paciência, compreensão, doação, atenção, carinho, dedicação, respeito, liberdade e mais um monte de coisas. Cada relação tem seus ingredientes. Mas o amor sozinho não basta!
Quando o eu te amo não vem com compreensão a frase de amor é: Eu te amo, mas eu não te entendo!
Quando o amor não tem liberdade a declaração fica assim: Eu te amo, mas tu promete que não vai naquela festa?
Quando o amor é desatento a frase romântica correta é: Aham, eu também!
Eu também o que cara pálida? Se não há capacidade de dizer uma frase de amor por inteiro e principalmente com amor, então é melhor falar de futebol!

Existem também algumas frases em que o amor vem camuflado. Como por exemplo:
Estou do teu lado! Sinto a tua falta! Te quero! Eu te vejo! Vamos compartilhar! Te desejo ao meu lado! Conto os dias para estar contigo! Eu te compreendo!
E tem uma frase em especial que particularmente me sinto contemplada cada vez que ouço: Te espero!
É tão lindo ver alguém desejar a tua companhia, dedicar o tempo dela e respeitar o tempo do outro, que te espero para mim soa quase como uma declaração de amor!

Quando o amor começa a ser banalizado, ouve-se infinitas vezes ao dia a bendita frase. O ouvinte já está tão cansado de ouvi-la que já não tem nem animo mais de responder a altura! As vezes pequenas atitudes dizem muito mais: Trazer uma flor, imprimir uma foto com uma dedicatória bonita, deixar um recado no espelho, escrever um bilhete e guardá-lo em local estratégico, mandar flores em datas que não sejam especificamente comemorativas, preparar café da manhã, esperar com uma refeição feita com carinho, mandar uma mensagem de boa noite, ligar para saber como foi o dia, dedicar uma música, marcar uma página do livro com um trecho para compartilhar com o outro, passear de mãos dadas, dividir o guarda chuva... essas entre tantas outras atitudes simples mas que fazem a diferença e nas entrelinhas também querem dizer:
Eu te amo! Eu te amo! Eu te amo!

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Carta ao Adevir

Adevir, querido!

Faz tempo que não te escrevo e algumas coisas mudaram por aqui desde a última vez que te escrevi. Amadureci em alguns aspectos, estou me reconstruindo em outros e certas coisas parecem que não mudaram.
Não moro mais na mesma cidade, me despedi de algumas pessoas que foram especiais em minha história, encontrei algumas outras que entraram brevemente em minha vida, compartilhamos energias e voltamos as nossas realidades. Em cada encontro nasceu uma nova história, cada história uma nova experiência que certamente me fez amadurecer de alguma forma.

Os anos tem se passado depressa, tenho me tornado mais tolerante para algumas coisas, mas cada vez mais exigente para outras.
Aprecio muito a gastronomia, tenho me dedicado a cozinhar e conhecer novos lugares e sabores é um dos meus programas favoritos. Vá conhecendo todos os restaurantes que tiveres direito. Quero que compartilhe tuas experiências gastronômicas comigo. Se a barriga estiver um pouco saliente vou compreender, mas por favor não sejas sedentário. Exercite-se, pois pretendo testar bastante teu fôlego. Aproveite também para ir ao cinema, para ler bastante e conhecer gêneros e músicas novas, aprecio muito tudo isso e ter uma boa bagagem cultural é bem importante!
Por favor não me mande rosas. Lírios, tulipas, copos de leite, hortênsias e orquídeas tem minha preferência. Rosas são muito obvias, talvez sua mãe as aprecie mais do que eu.

Hoje me sinto menos romântica, na verdade não perdi o romantismo, apenas mudei a ordem das prioridades, continuo sonhando em casar, mas viver como casada é algo que ainda não anseio. Ainda desejo a maternidade, mas para um futuro bem distante. Tenho buscado uma carreira, coisa que já era para ter feito a muito tempo. Me sinto mais adulta para algumas coisas. Mas ainda desejo colo quando me sinto carente. Minhas TPMs ainda tem me castigado, abro todos armários em busca de um doce e dou um bom lucro as confeitarias durante estes períodos e apesar das oscilações de humor ainda não matei ninguém e nem tenho tal pretensão.
A geografia é outra coisa que tem me castigado. Estou geograficamente distante de meus maiores amigos.
Nos últimos meses viajei bastante, não fui muito longe (se bem que fazer um trecho de 24 horas sendo que metade do caminho em estrada de chão rumo ao Araguaia foi um bom desafio). Tenho pretendido viajar cada vez mais e ir cada vez mais longe. O oriente ainda me seduz muito. A Itália habita meu imaginário. E a Argentina foi uma excelente descoberta. Alguns romances também me fizeram pegar estradas e aeroportos, comprovando minha teoria de que coração não entende de geografia.
As vezes me pergunto, mas porque é que tu ainda não está aqui? Principalmente nas noites frias de inverno.
Eu não sei onde tu estas, na verdade nem conheço a tua identidade de fato. Mas tenho certeza que virás na hora certa e minha apurada intuição há de reconhecer-te.

Enquanto isso sigo esperando. Podem demorar quantos anos mais forem necessários, mas quando vieres que venhas por inteiro. Aprenda a perdoar as pessoas que tem feito parte do teu presente, da mesma forma que eu tenho feito, para que quando nos encontrarmos não ocupemos tempo cicatrizando feridas do passado, mas sim fazendo com que nossos corações transbordem de felicidade. Reflita sobre traição e lealdade, traga opiniões formadas para que possamos debater. Traga um pouco da pureza da tua infância para rirmos de coisas bobas. Traga sonhos e guarde algumas fantasias para realizarmos juntos. Aprenda a fazer massagem e tenha sempre uma história para me contar. Não permita que os pesares da vida reduzam teu senso de humor.

Aaah Adevir! Quer saber? Pouco importam as rosas ou lírios. Quando vieres que venhas de coração aberto. Deixe teu medo em algum lugar do caminho. Venhas disposto a ser entregue para não poupar sentimento e para que acima de tudo possamos viver juntos todas as descobertas, desassossegos e delicias de uma coisa chamada amor!
Eu continuo a te esperar!

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Desmascarar-se




Recebi em meu email uma das mensagens mais nobres que já recebi nos últimos tempos! Tratava-se de um amigo* de longa data, dono de um gênio forte e um temperamento difícil, que acabara de ficar solteiro e o sofrimento que ele teve com o término deste relacionamento o fez perceber quem ele era de verdade. Separei um trecho para compartilhar aqui no blog:
“eu fazia as coisas sem pensar... e isso não foi bom.. não me agregou nada... ao contrario... perdi muitas pessoas que não queria... perdi muitos amigos que não queria... e nada do que eu fizer pode apagar o que eu fiz... são marcas... q ficam no nosso corpo.. nosso coração.. nossa mente.. nossa alma... eu to sofrendo muito e não porque terminei o namoro e sim pq eu vi no espelho a verdadeira pessoa q eu sou, um monstro...”
UAU! Forte né?! Fiquei muito surpresa com a coragem quase em extinção em admitir quem se é e entre outras confissões, pedir desculpas pelos estragos.

Passar por cima do orgulho, saber quem se é de fato, ter a nobre atitude de reconhecer um erro e pedir perdão por ele é algo que por bem ou mal todos nós iremos fazer um dia! Eu digo bem, pela conscientização e a livre espontânea vontade em agir. Já o mal é a consciência pesada pelas verdades ocultas, pela assombração das lembranças e do arrependimento. Se engana quem pensa que é fácil ser mais forte que o orgulho. Já falei sobre isso outras vezes, o orgulho é uma máscara que esconde alguém tão frágil que não tem coragem de torna-se a sua própria verdade. O orgulho é auto corrosivo, vai nos destruindo com o tempo.

Já dizia o sábio Mahatma Gandhi: “O perdão é virtude dos fortes, os fracos não perdoam!”
E tão divino quanto perdoar é, se colocar no lugar do outro e compreender o próprio erro e pedir perdão! Perdoar de coração e pedir perdão com sinceridade, é simples, basta exercitar a capacidade. A vida está em constante movimento, o destino prega peças que vão muito além da imaginação. O desafeto de hoje pode ser alguém capaz de salvar a nossa vida amanhã!

Não nascemos de máscaras. Mas infelizmente parece que é da natureza humana se mascarar. As máscaras são aquelas verdades que fomos descobrindo com o tempo e fomos ocultando por algum motivo. Mas não há máscara que nos proteja para sempre. Um dia nos olhamos no espelho, tomamos consciência de quem somos, abrimos os olhos para os estragos, nos vemos sós, ou vemos quantas pessoas expulsamos das nossas vidas para defender nossas razões. Um dia nos tornamos a nossa verdade e tudo o que parecia oculto se revela.

Fica ai, para mim, para ti, para ele, para todos, o bom exemplo de alguém que se “desmascarou”!
A VERDADE É ALMA GÊMEA DO TEMPO, UM DIA AS ALMAS GÊMEAS SE ENCONTRAM.
(Tomara que seja em tempo hábil para sanar os estragos.)







*Dedico este texto ao meu amado amigo Luiz Felipe, que autorizou o uso do seu nome e do email, e que faz questão de mostrar a quem quiser o quão importante (e difícil) é ter coragem para ser quem se é e reparar qualquer mágoa que possa ter deixado pelo caminho!

quarta-feira, 6 de julho de 2011

O luxo e o lixo

Ao abrirmos baús, caixas, armários, sacolas, malas, gavetas encontramos de tudo. È como se cada objeto tivesse uma história e revelasse uma parte do nosso passado.
Quando eu era criança, tinha uma pasta de “couro” branco com que era da minha mãe e eu a usava para brincar de professora. Um belo dia fazendo uma limpeza em casa minha mãe decidiu que era hora da minha linda pasta ir para o lixo. Em troca ganhei uma cor de rosa, muito mais de acordo com uma criança de 6 anos. Foi com muita dor de vi minha pasta no lixo da praça em frente ao nosso prédio! Fiquei na sacada tramando alguma forma de ir resgatá-la, até que vi um dos andarilhos que andavam pela vizinhança arrecadando meu instrumento de “trabalho” e desfilando pela rua todo orgulhoso, como se fosse um executivo com a pasta a tiracolo. Já era!

Hoje tenho uma caixa com meus antigos diários, do tempo que tudo se colava na agenda. Convites de aniversários, cartas, bilhetes trocados durante a aula, recortes de revistas, fotos entre outros registros. Está tudo lá documentado! Quem disse que eu tenho coragem de me desfazer daqueles diários?
E se eu tivesse vontade de me desfazer, para onde eles iriam? Colocá-los no lixo para que minha intimidade juvenil fique a mercê de qualquer passante? Fazer uma fogueira e transformar em cinzas os registros dos anos em que mandei brasa?
Não não, nada disso! Meus queridos e antigos diários ocupam muito espaço, mas fazem parte da minha história e não vou descartá-los!

Agora que estamos no inverno, em época de campanha do agasalho, temos obrigação de abrir os armários para descartar e passar adiante aquelas peças que já não usamos mais. Todo mundo tem que fazer isso!
Mas há outro tipo de descarte que também é muito necessário: o das roupas intimas. Peças que estão paradas em nosso armário, manchadas, velhas, gastas, furadas, apertadas, calcinhas e sutiãs que um dia vestiram nossa intimidade, mas que hoje já não tem serventia. Eles vão para onde? Queimamos? Fazemos uma nova fogueira de sutiãs? Doamos para a campanha do agasalho em prol das bundas ao relento? Jogamos em um saco de lixo e colocamos na lixeira em frente de casa correndo o risco de algum andarilho passar lá, abrir o saco e espalhar pela calçada as calcinhas beges, sutiãs de enchimento e outras maravilhas intimas?
Na na ni na não! Definitivamente, eu não sei o que fazer com essas peças! Acho que vou fazer um plantão a espera do caminhão do lixo e eu mesma vou jogar o saco com meu passado de renda, lycra e algodão lá dentro!

Colares, brincos e outros acessórios que não usamos mais, dá para doar para um brechó, dá para doar para amigas, dá até para vender algumas peças. Aquela coleção de CDs que inclui pérolas como Raça Negra, Só Pra Contrariar e outros “conjuntos” que embalaram outras épocas de nossas vidas esses se não encontrarmos ninguém para doar certamente podemos colocar em uma caixa aberta na frente de casa que algum passante com certeza vai levar!
Certa vez após uma mudança coloquei varias caixas com lixo e outras coisas que eu não queria mais em frente a minha casa. Poucos minutos apareceu um moço que juntava objetos recicláveis. Falei com ele e pedi para que não deixasse o lixo espalhado na calçada. Ele compreendeu, contou um pouco do seu trabalho e empolgadíssimo revelou que o sonho dele era encontrar a Playboy da Xuxa, provavelmente lançada na década de 80. Segundo ele o raro exemplar estava valendo mais de 10 mil reais! Quem está pagando esta pequena fortuna para ver a periquita da Xuxa a quase 30 anos atrás eu não sei. Mas o que eu sei é que é simplesmente o ponto de vista é que separa o luxo do lixo.