Aqui tem mais!

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Cala-te




Quem fala de todo mundo, um dia vai falar de mim também.

E quando esse dia chegar, uma pia cheia de louça eu posso ofertar.

Quem naão tem o que fazer é bom tratar de achar.


Pois da minha vida eu ja me ocupo em cuidar!

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Parece que foi ontem

Eis que através de uma rede social duas pessoas entre tantas outras se descobrem. Se comunicam. Se encontram. Desses repentinos encontros, nasce de uma das partes algo chamado paixão. Sentimento obsessivo, que invade, tira da vida comum e acaba, deixando um vazio. Ambos se afastaram. O tempo passou e o sentimento cessou. Cessou? 4 anos para maturar! Alguém anuncia sua festa de despedida, embarca em 10 dias. Precisamos nos ver, sim. Amanhã ou depois? Amanhã e depois! Reencontro. Festa de carnaval. Disfarces no rosto. Vamos sair daqui? Nós merecemos! Almas em festa! O despertar de reações adversas. Química, física e português. Entendimento com e sem diálogo. Felizes descobertas. Tem cheiro de mulher em mim. Por mim manteria dia após dia. Pequenas doses de dopamina para alimentar o dia. Outro encontro, e outro e outro. Diálogos. Diálogos e diálogos. Confissões. Calor. Suor. Tremor. Entrega. Recíproca. Carinho. Desejo. Almoço com tempero de shoyo. Com sorrisos espontâneos. Fotos. Registros. Admiração. Respeito. Os dias vão passando. E quem se importa em se despedir. A alegria trazida é maior que a despedida. Não há dor. Somente há aceitação. Nem tudo precisa ser compreendido e sim aceito. Nós aceitamos. Vícios e filosofias respeitados. Eis o dia da festa. Não sei se será possível estar presente. Tudo ocorre bem. Eu vou! Sim estou indo ao teu encontro. E do outro lado da linha aquela voz coberta de felicidade, confessa: A horas espero essa ligação. Já era para estar aqui! Uma imersão no espaço e nos amigos do outro. A recepção é feita através de um olhar. Olhos cobertos de satisfação. Olhares curiosos a volta. Que bom te ter por perto. Lua cheia. Noite quente. Alvorada voraz. Os dias vão se passando, cada segundo junto se torna um incalculável número de tempo. Calor. Suor. Mais lençóis. Vou trabalhar amanhã! Nãoooo, amanhã não. Tenho um programa para nós. Reserva ecológica, trilha, natureza, água... oba uma cachoeira. Eu vou pular. Vem, pula também! Ela para na beira. Medo e desejo. Onde está a coragem? Ele retorna e encoraja. Faz a frente. Te espero lá embaixo! Sim, eu vou palavra de mulher. Fui! Deliciosa sensação de estar voando. Obrigada pelo incentivo. Opa, acho que estamos perdidos. Cuidado aqui escorrega! Sabe nadar?! Te segura na corda. Vamos caminhar só mais um pouquinho. Isso é segurança, para que não haja medo. É o compartilhar de um novo desafio. Fome! Vamos jantar. Fartura. Estamos exaustos. Hora de dar tchau. De verdade. O embarque é em poucas horas. Leva este envelope, abra no avião. Fica com o meu carinho e com a certeza de que cada instante destes últimos dias estão eternizados. O choro de plena felicidade. O abraço. Vou embora detesto despedidas! Até breve! As lembranças e os pensamentos se tornam constantes. Mensagens! E-mails! Primeiro reencontro on line! Sem hora marcada. A melhor surpresa do dia. Mais confissões. La vie em rose toca ao fundo. Alguém confessa ter se sentido amado. Mesmo sem o outro nunca ter usado algum clichê para isso. Simplesmente por saber que durante muito tempo foi esperado e desejado. O amor não está nas declarações feitas da boca pra fora. Está nos gestos. Na compreensão. No respeito. Na aceitação. No diálogo. As siriguelas já estão dando frutos. A qualquer momento estaremos juntos, mais uma vez! Já estamos falando de amor, parece que foi ontem...

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Desabafo de uma criança feia





Em meio a tantas caixas, minha mãe encontrou um envelope com pérolas de muito tempo atrás. Entre elas uma foto minha tirada na escola. Sabe aquelas fotos cafonas que a gente tira com a mão no livro, em frente a um fundo de tecido colorido com o sorriso mais amarelo do mundo? Então!
Dei boas risadas com a foto e tive a brilhante idéia de postá-la em uma rede social, para deleite e gargalhadas de meus amigos. Parecia inacreditável que aquela mulher de longos cabelos cacheados já havia sido aquele patinho feio de cabelos curtos em outra época. Eu posso dizer que era uma criança com cara de artista de cinema: Harry Poter!
Passei o dia rindo com os comentários e as reações causadas por aquele bendito retrato, até que, em um estalo me veio a resposta para uma antiga questão da minha infância. Eu nunca havia sido aia de nenhum casamento. Ninguém jamais me convidou para ser aia. Mas é obvio que não. Finalmente pude compreender o por que disso nunca ter ocorrido. Afinal, como alguém pode convidar para ser aia uma criança com cara de pajem?
Quando se fala em aia se pensa em uma menininha de carinha angelical, cabelos cacheados e coisas no gênero. E não em uma criança de cabelinho cogumelo, óculos e pernas finas.
Minha prima preocupada perguntou: “Mas porque tu era assim?”
E eu sei lá porque! Vai ver que a barriga da minha mãe era cenográfica e eu sai de uma goiaba. Ou então deos me desenhou para ser uma criança exótica.
Se isso é pergunta que se faça? Alguém pergunta para uma criança bonita por que ela é assim? Não! As pessoas simplesmente olham para ela e dizem: “Que menina linda!”
Eu ao invés disso ouvia dos amigos dos meus pais: “Ah esse é o teu filho?”
Minha mãe simpática dizia: “Não, essa é a Nicole!”
E o individuo vendo meu constrangimento tentava consertar dizendo: “Ah mas hoje em dia está tudo trocado, os meninos tem cabelos compridos e também usam brinco” He He He
Isso me deixava com um ódio juvenil saindo pelas narinas. Já não basta eu ter cabelo curto, ser míope, ter as pernas finas, não ter nenhum vestígio de seio a pessoa ainda tem que perguntar aos meus pais se eu sou o filhO deles? Só faltavam me dizer: “E ai garotão, és gremista ou colorado?”
E o melhor de tudo, apesar de todos os desafios de ser uma criança digamos assim, desprovida de beleza óbvia, eu não sofria de baixa auto estima. Lembro que mais ou menos nesta época havia na escola um menino que era apaixonado por mim. Eu fugia dele mais do que o Cascão foge do banho. Ele me fez várias gentilezas. Uma delas foi contar a mãe dele que gostava de mim. E a mãe dele tão gentil contou a minha mãe que ele era apaixonado por mim. E a minha mãe por sua vez veio me contar que eu tinha um admirador na escola (como se eu já não soubesse). Gente, em mil novecentos e noventa e cinco as mães não sabiam que a gente tinha paixões e pretendentes na escola. Dá para imaginar o tamanho da minha vergonha? Além de não gostar do dito cujo ele ainda havia feito chegar até a minha mãe a excelente noticia de que ele tinha intenções românticas infantis comigo, seja lá o que isso signifique!
Aaaaaaaah! E para encerrar o ano com chave de ouro ele publicou no livro de redações da quarta série, para toda a escola, uma redação com o titulo: Nicole e Ari. Que contava o namoro onírico que tivemos.
Aos nove anos eu tinha cara de menino, já era míope, tinha um sorriso cretino, as pernas mais finas do mundo, um pretendente fofoqueiro com nome de avô e sobrevivi e evolui!
Uma coisa nisso tudo é certa: se a beleza é duvidosa, o bom humor mais do que nunca é garantido!