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sexta-feira, 13 de maio de 2011

Ponto de partida


Nasci entre o natal e o ano novo e sou gaúcha por uma questão de poucos dias. Tenho muita honra de ser filha de quem sou, neta de quem sou e sobrinha de quem sou. Venho de uma grande família que está espalhada por vários estados deste país, uma família abençoada, simples, unida e muito honesta. Sempre vi meus familiares trabalhando, sempre ouvi de meus pais que não se acusa ninguém sem provar, ouvi que se deve respeitar seja quem for e que eu só posso sentar a mesa para comer depois de lavar as mãos. Tive uma infância linda, até os 5 anos morei em uma casa com um pátio enorme onde brincava com os cachorros, cuidava das tartarugas, brigava com o gato, juntava insetos e comia todas as frutas colhidas direto do pé. Desde sempre eu fui companheira do meu avô. Ao acordar corria para cama dos meus avós arrastando o cobertor pela casa. Ajudava a a colocar a mesa e tomava chá de maçanilha com a bisa. Aos domingos os acompanhava na missa. Talvez em tentativa de aliviar a vergonha do meu comportamento nada cristão partindo do fato de eu ter gritado aos prantos ao meu avô que me tirasse daquela “meeeerda de igreja” durante meu batizado. Quem mandou batizar uma criança com 4 anos!?

Foi também durante minha infância que conheci meu outro pai, minha outra avó e ganhei duas irmãs. Além delas, ganhei uma das primas que mais amo, nosso parentesco não é legitimo, mas isso nunca fez a menor diferença.
Já aos 10 anos encontrei aquela que seria minha melhor amiga, aliás ainda ocupamos este cargo, assim como ainda mantemos algumas brincadeiras de infância como imitar a voz dos nossos personagens prediletos. Os pais dela são pessoas tão especiais que os considero meus segundos pais e a recíproca é verdadeira!

Na adolescência reencontrei e finalmente aceitei meu pai biológico. Descobri nele um amigo e apesar das diferenças somos parte um do outro e é por isso que ainda vou encontrá-lo muitas outras vezes. Ele me deu um irmão, uma criança linda, mas que não consegue entender ainda como podemos ser irmãos se eu não sai da barriga da mãe dele. Meu pai tem uma família enorme e reconheço que me faço muito menos presente do que deveria para poder conhecer e aproveitar cada uma daquelas pessoas, tão especiais na minha história.

Muitos anos se passaram, já não moro mais no lugar onde nasci, mas ainda é lá que a família se reúne, é o endereço das festas de final de ano, é na mesa da casa da que compartilhamos as melhores refeições. É lá que vou vejo meus sobrinhos crescendo, que encontro minhas velhas amigas de infância para compartilhar histórias da nossa vida atual e relembrar tantas outras.

Acho extremamente importante explorar o mundo, ousar, ir mais longe, não se arraigar eternamente no mesmo lugar. Porém existe em cada um de nós uma raiz, um ponto de referência no mundo, um lugar onde sempre iremos voltar. Existe a fonte da nossa essência, o nosso norte, nosso berço. Eu chamo isso de família, o ponto de partida e de regresso.

Um comentário:

  1. Niqui, você é o meu inconsciente, e escreve tudo que eu sinto.. Fala pela minha alma, em TODOS os textos, todas as frases, letras.. e nessas palavras sou capaz de sentir os meus sentimentos se diferenciando, e me mostrando cada vez mais a diferença entre o que é bom e o que é ruim.. Muito obrigada pelas palavras.. vc é demais !! beeijoss @thaisinhaas2

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